sexta-feira, 15 de julho de 2011

                                                                      Histórias do Hermenegildo I

           Estas longínquas e românticas areias do extremo sul do Brasil desde sempre contabilizam historias de romances e amores calientes, alguns de verão que serão esquecidos ou não na eternidade da vida. Outros marcados por seus mais fieis moradores, pessoas que por algum motivo tiveram o privilégio de permanecerem nesta terra, e só saiam daqui para ir ao medico ou para pagar alguma conta na cidade.                                      Nós moradores destas plagas que desde sempre enfrentamos invernos que podem ser frios e cruéis na temperatura meteorológica, mais nem sempre é assim no coração e na alma da nossa gente.
           Para quem não sabe, ora estamos com o vento minuano soprando diretamente das cordilheiras, um ar gelado que entra na nossa espinha com uma sensação abaixo de Oº. Quando pensamos que o cenário vai mudar, com o alerta dos meteorologistas, emplaca uma viração, hoje pomposamente chamada de ciclone extratropical que nada mais é que o nosso famoso vento Sul, que faz o Atlântico roncar aqui em cima de nossas casas, Atlântico este, que apesar de maravilhoso e belo trás uma carga de destruição assustadora , Isto sem falar do nordestão, que pode ficar dez, quinze dias seguidos jogando areia para o continente, sem dar uma única trégua para nossos corpos e almas calejadas. O vento norte, nos é mais grato e ameno, mais como diz o poeta, “Sopra forte vento Norte antes que essa chuva caia”.
           Pois bem, é neste cenário que eu quero contar um fato pitoresco, acontecido nestas bandas: - Lá pelos idos de 70, num destes invernos cruéis, nossa praia não passava de umas 500 ou 600 casas, que praticamente ficavam abandonadas no inverno, seus veranistas costumavam arrumar suas tralhas e ir para a cidade: - nossa estrada não era muito fácil de transitar antes do asfalto, ficavam nestas terras alguns poucos abnegados moradores, não mais de que uma centena.  Num destes invernos alguém estava mexendo em algumas casa pegando o que não era dele : Suspeitavam de um morador que havia sido visto andando de madrugada com um carrinho de mão carregado, com uma manta por cima para tapar os supostos objetos subtraído do alheio.
             Como todos tinham interesse de esclarecer os fatos começaram a cuidar o tal meliante.
           - Numa desta noite de vento Sul, em que o barulho das ondas é mais forte chegando a causar temores e arrepios aos menos desavisados, um grupo de moradores resolveu atocaiar o individuo suspeito:- La por volta da 1 Hora da madrugada, com um frio daqueles de renguear cusco, vinha o suposto meliante, com seu carrinho de mão carregado, se esquivando pelo meio das ruas e ruelas escuras do balneário:- Quando foi abordado por seus, a esta altura desafetos, pois a certeza que tal suspeito era culpado não se tinha mais duvida. Qual não foi a surpresa!- Quando retirada a manta de cima do carrinho de mão;O tal estava carregando nada mais nada menos que sua secreta namorada para o calor sua alcova, tapada com uma manta, para protegê-la do frio, e quem sabe, para que ninguém pudesse identificá-la visto que era uma figura muito peculiar nestas bandas e facilmente reconhecida se vista, até mesmo na penumbra das noites escuras do Hermenegildo: Juro que é Verdade.

                                                           Ass. O Mudo


                                                                         O princípio
  Pua de bagre está surgindo, com um caráter único. O de retratar a vida na Praia do Hermenegildo, tanto no aspecto Social, Histórico e Ambiental , este veiculo de informação vai procurar ter uma isenção impar sobre todos os pontos de vistas.
               Seremos críticos severos e contundentes a situações que venham a desencontro com o bem estar de nossa gente, tanto de moradores , como dos veranistas e proprietários deste que é no nosso entender, o mais belo e bem sucedido balneário da costa sul do Brasil.
               Esta afirmação pode ser um pouco exagerada, mais tínhamos tudo para não dar certo como uma povoação, de sucesso que hoje felizmente nos tornamos..
               Vejamos nossa trajetória: Segundo historiadores começou lá pelo fim do século XIX. Neste período nossa gente costumava migrar para a beira do oceano principalmente nos meses de verão, por recomendação médica para poder fugir das epidemias que na época, sem cura eminente eram devastadoras para os grandes aglomerados de pessoas que existiam na cidade.O ar do mar, mais puro e saudável era uma solução para acura de doenças principalmente as respiratórias.
               Onde hoje é a bonita Barra do Chuí, era o destino de um grande numero de famílias mais abastadas de nosso município, para aquelas Barrancas na foz do Arroio Chuí na beira do Oceano Atlântico que caravanas de carros de bois e carroças se dirigiam. O acesso longo era o mais viável, apesar de alguns banhados que, em épocas de verão poderiam ser facilmente transpostos.
                  Alguns abnegados que não se conformavam em ter que percorrer este longo caminho para desfrutar de um ar marinho, fez com que forjassem um caminho mais curto para o oceano. E assim, enfrentando dunas gigantescas, “combros” banhados e lagoas, onde existiam perigosos “manantiais”,que não raramente engoliam carroças e animais atolados, foi se formando lentamente o que foi o famoso passo do Hermenegildo, hoje a famosa RS033 (Brigadeiro Policarpo Azambuja).
                 Este trabalho todo, para percorrer aproximadamente 13 Km que, às vezes levava horas ou até mesmo dias. Para que? Simplesmente para poder acampar a beira do mar em um campestre na beira de um riacho sem uma única sombra onde só havia junco, areia, Sol e muito vento.
   Tínhamos tudo pra dar errado! Vejamos, de um lado a Foz do Arroio Chuí com suas lindas Barrancas na fronteira, onde a nossa gente da Coxilha dos Palmares tinham uma relação muito próxima e amistosa com os visinhos Uruguaios, o acesso mais longo era o “mais fácil” e rápido, que alem do oceano Atlântico com suas águas salgadas e frias, havia o maravilhoso arroio Chuí com águas quentes, limpas e calmas, e suas famosas barrancas, lugar estratégico, que protegiam a povoação das areias finas e dos fortes ventos,Sul, Nordeste, e o temido Minuano que até hoje sopram nesta região.
                 Mais para o norte, aproximadamente 200km,estava à pomposa praia do Cassino a primeira praia do Rio Grande do Sul, com toda sua estrutura que para a época era fantástica com hotéis cassinos e outros atrativos.
                 E no meio disso tudo? 150km de areia, junco, ventos e água fria, encravada no meio de combros “dunas gigantesca”, lagoas e banhados quase um deserto interminável, um verdadeiro ALBARDÃO. “Palavra que deriva de albarda, uma sela rústica muito usada para bestas de carga.”
                 Há relatos que o mineralogista alemão Guilherme Von Feldner navegando nesta costa, em meados de 1810, falou. “A mais triste praia arenosa borda o mar e o olho do navegante procura inutilmente uma perspectiva em que descansando se possa recrear. Sem querer sua vista se eleva ao céu e exclama: Deus!que misero deserto de areia”.
              Com tudo isto, qual era chance de dar certo? Da lhe HERMENEGILDOOOOO........
                                   
                                   
                                           Ass. O cego